Dicionário político

Lincoln Cordeiro Oest

Retrato Lincoln Cordeiro Oest

(1907-1972): natural do Rio de Janeiro, aos 20 anos ingressa no Clube de Regatas do Flamengo, e participa de apenas 2 jogos, em 18 e 19 dezembro de 1927. Como ala-esquerda, marca um gol, sagrando-se campeão dos Troféus Dr. Afonso de Camargo e da Associação Paranaense de Futebol (chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira de Futebol). Integrou a equipe rubro-negra que gerou o slogan "o mais querido do Brasil". No início de 1928 ingressa no BOC-Bloco Operário e Camponês. Dirigente do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B). Participou da insurreição armada de 1935. Deputado federal em 1946, sendo cassado em 1947. Em 1962 foi integrante da Comissão de Solidariedade a Cuba e também organizou a Comissão Cultural Brasil-Coréia do Norte. A partir de 1964 passou a viver na clandestinidade. Foi preso pelo DEOPS/SP em 1968, torturado e, após 18 dias, posto em liberdade por ausência de acusações. Foi preso novamente em dezembro de 1972 por agentes do DOI-CODI/RJ e torturado até a morte. Os órgãos de segurança divulgaram nota oficial noticiando a morte de Lincoln dando a versão de que ele fora morto ao tentar uma fuga na hora da prisão, encobrindo assim os dias em que passara sendo torturado até a morte. O Relatório do Ministério da Aeronáutica diz: "preso em 20 de dezembro de 1972, no Rio de Janeiro, foi atingido mortalmente, após tentar fugir da equipe de agentes de segurança". O da Marinha diz que "foi morto em intenso tiroteio com os agentes de segurança após escapar ao cerco à rua Itapemirim, RJ." Segundo a Guia n. 7 do DOPS/RJ que o encaminhou como desconhecido ao IML, foi "encontrado num terreno baldio da Rua Garcia Redondo, n. 111, após tiroteio com agentes das Forças de Segurança". Esta versão é totalmente desmentida por depoimentos de presos políticos prestados em Auditorias Militares à época. José Auri Pinheiro e José Francisco dos Santos Rufino afirmam que Lincoln foi torturado no DOI-CODI/RJ, onde estava preso. A necrópsia, realizada pelos Drs. Adib Elias e Eduardo Bruno, confirma a versão oficial da repressão de que foi morto em tiroteio. O óbito de n. 60.500 tem como declarante Amarilho Ferreira. Somente foi encontrado e reconhecido por sua filha, Vânia Moniz Oest, em 6 de janeiro de 1973, sendo sepultado por sua família no Cemitério São João Batista, RJ, em 8 de janeiro de 1973. Laudo e fotos de perícia de local (Ocorrência n. 946/72 e ICE n. 7379/72) concluem por morte violenta (homicídio) e mostram o corpo de Lincoln baleado. Registro n. 1.517/72 do dia 20 para 21 de dezembro de 1972 do DOPS/RJ, assinado pelo Comissário Manoel Conde Júnior, confirma a farsa de tiroteio.