Uma Juventude Revolucionária

Enver Hoxha

28 de Junho de 1968


Primeira Edição: Extractos do discurso pronunciado a 28 de Junho de 1968, em Gradishte, durante o grande meeting dos jovens voluntários que construiam a via férrea Progoghinê-Fier.
Fonte: Cadernos Cultura Popular nº 6 - Publicações Nova Aurora, Lisboa, 1974.
Tradução: Manuel L. Martins
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo

foto de Mao Tse Tung

I

(...) O socialismo cria o progresso e a abundância. Ele assegura o progresso e a verdadeira democracia para o povo.

O poder popular, o nosso regime socialista asseguraram à juventude todos os direitos e todos os meios materiais para realmente os exercer. Os nossos rapazes e raparigas não conheceram a exploração e a opressão ferozes que os grandes proprietários de terras e a burguesia faziam pesar sobre a Albânia até à libertação. Eles ignoram a vida de fome, de miséria e de pobreza, como ignoram a dominação bárbara dos regimes reaccionários e dos imperialistas estrangeiros.

A nossa juventude não teve de carregar o pesado fardo do analfabetismo e da superstição. Na Albânia socialista, da escola primária ao ensino superior, todas as portas estão abertas aos filhos dos operários, dos camponeses e da intelligentsia popular. A nossa geração jovem ignora o desemprego e a incerteza do futuro de que sofrem as largas massas da juventude, tanto nos países capitalistas evoluídos como nos países revisionistas. A nossa democracia socialista assegura ao jovem um trabalho de acordo com as suas capacidades e com os conhecimentos adquiridos. Ela abriu-lhe o campo sem limites da acção e da criação em todos os domínios da vida social.

No nosso pais, a juventude considera o futuro com confiança porque ele está nas suas mãos e porque todas as vias lhe estão abertas. Por isso, ela está indissoluvelmente ligada ao Partido, ao poder e ao marxismo-leninismo. Por isso, ela é revolucionária e combate sem nunca flectir pela causa do socialismo.

Existe uma diferença entre os jovens, os intelectuais, os estudantes do nosso pais e os que vivem nos países dominados pelos capitalistas e pelos revisionistas. Em primeiro lugar, os nossos não são colocados perante a necessidade de assegurar um lugar para prover às suas próprias necessidades e às da sua família. Eles não se instroem e não lutam para «se tornarem célebres», com o único fim de não serem esmagados por concorrentes. A principal preocupação do nosso estudante, do nosso intelectual, não é adquirir uma garantia contra as calamidades da sociedade ou a capacidade de fazer frente aos constrangimentos que o oprimem. O seu ideal é mais vasto, mais militante e mais dinâmico.

O nosso jovem revolucionário instrói-se e progrride não na perspectiva estreita do seu interesse pessoal, não «para alcançar um lugar na vida», mas para melhor servir o seu povo, o socialismo e a pátria. Ele não trabalha para «acumular cultura» para proveito próprio, nem para se distinguir pela sua erudição. Ele instrói-se para elevar a produção do país a um grau superior, para tornar os campos mais férteis, para expandir ainda mais largamente a cultura, até aos cantos mais recuados do país, para que a ciência se torne o bem próprio das massas e para que as massas se sirvam dela em seu proveito. Alegra-nos que os jovens que terminam os seus estudos, quase sem excepção, vão trabalhar para onde o país precisa deles, sem procurarem qualquer canto tranquilo. Eis o que constitui um traço característico da nossa jovem intelligentsia: servir devotada e incondicionalmente a causa do Partido e os interesses do povo. Conduzir uma acção adaptada às condições existentes no nosso país e ao próprio sistema socialista. Exprimir nesta lutá a sua profunda convicção interior. Eis a razão de viver do jovem Albanês, seja operário, camponês, estudante ou intelectual.

Não quero com isto dizer de forma alguma que, no nosso país, tenhamos acesso a todos os bens, nem que ultrapassámos todas as dificuldades, ou que apagámos todos os traços do atraso que o passado nos legou. Nós não resolvemos todos os problemas. Estamos perfeitamente conscientes de que precisamos de prosseguir a luta e realizar um vasto trabalho, à custa de tenacidade, para construir inteiramente o socialismo, para formar o homem novo, para elevar cada dia mais o bem-estar do povo, para tomar a nossa vida ainda mais fácil, mais bela, mais feliz, mais Intensa. Mas estamos no bom caminho. Estamos decididos a marchar em frente, sem nunca flectir. Ninguém deterá a nossa marcha. O nosso povo e a nossa juventude consideram o futuro com optimismo.

A situação nos países revisionistas e capitalistas oferece um quadro completamente diferente. Este mundo é o contrário do nosso, como o destino que oferece à juventude se opõe à nossa perspectiva. Poderosas manifestações de estudantes o testemunham estrondosamente. Trata-se de um fenómeno muito geral, comum nos últimos tempos à Europa e aos outros continentes, aos países capitalistas, como a certos países revisionistas.

O carácter destas manifestações não tem sido o mesmo em toda a parte. Os estudantes de Praga e os de Varsóvia eram abertamente o braço direito do revisionismo moderno, organizado pela reacção interna e externa e pelos serviços secretos imperialistas. Eles visavam «liberalizar» mais o regime revisionista, libertar totalmente os seus Estados da dependência soviética. Finalmente, se eles tentavam derrubar as cliques no poder, era para as substituir por novas cliques mais abertamente capitalistas, ligadas aos Estados burgueses, dependentes deles. As suas greves e as suas manifestações não eram, portanto, progressistas, mas sim contra-revoluclonárlas.

Na Checoslováquia, estas manifestações contribuíram para o acesso ao poder do grupo dos ultra-revisionlstas. Na Polónia, Gomulka teve de recorrer à força para provisoriamente as reprimir. Nestes dois países, os estudantes tornaram-se a vanguarda da reacçáo. É uma vanguarda deste género que a velha guarda revisionista receia ver também aparecer na União Soviética, na Bulgária, na República Democrática Alemã, etc.

Nestes países, os estudantes revisionistas não participaram nas manifestações, seja por medo da repressão, seja para não se comprometerem com estudantes reaccionários. Seja como for, não aproveitaram esta ocasião de descer à rua para defrontar os estudantes reaccionários e atacar, ao mesmo tempo, os revisionistas no poder. Eles poderiam ter-se tomado a centelha que põe fogo à planície. A sua intervenção teria levado a classe operária destes países a conduzir seriamente a batalha. As coisas não se passaram assim. Por isso, todas as análises foram falseadas. Julga-se que, na Checoslováquia, «a juventude está com os revisionistas», que, na Polónia, Gomulka «defende o socialismo» contra os estudantes reaccionários. E concluiu-se daí que, nos outros países onde não há tumultos, os revisionistas «vivem em paz». Mas esta paz é pura aparência. No país dos Sovietes — onde os revisionistas kruchtchevianos se apoderaram do poder — as metralhadoras já entraram desde há muito tempo em acção contra os operários e a juventude revolucionários. Na União Soviética, na Polónia, na Bulgária, a imprensa é obrigada a reconhecer a prisão de revolucionários, presos às centenas e aos milhares, incluindo comités de partido inteiros, por crime de oposição às cliques revisionistas e à sua política de traição.

Na Jugoslávia titista, a clique Tito—Rankovlc exerce sevícias contra os revolucionários. Durante vinte anos, os crimes, as torturas, os sinistros campos de concentração da U.D.B.(1) pesaram sobre todos os povos da Jugoslávia e sobre o nosso povo irmão de Kossove(2) para implantar o regime capitalista.

Mas o que é que resulta daí? Foi sufocado o espírito insurreccional dos povos jugoslavos? Não. Tito e os seus homens venderam a Jugoslávia ao capital americano, inglês e internacional. Favoreceram a nova classe capitalista exploradora da cidade e do campo. Criaram uma ditadura fascista para que ela vele pelas riquezas roubadas ao povo e para que o oprima. É em vão que a cllque titista fala de uma certa «autogestão». Que poderia «gerir» o povo? As fábricas que estão nas mãos do capital estrangeiro e dos novos capitalistas? Ou os campos onde reina o kulak? Como diz um ditado: «É difícil enganar toda a vida a toda a gente». O povo jugoslavo e a sua juventude não podem deixar-se iludir quando Tito lhes fala de «socialismo» e de «autogestão». Eles bem vêem que a liberdade não existe entre eles. Os escroques vendem o seu país à maior oferta dos capitalistas estrangeiros. A nova classe dominante especula de forma escandalosa. Os operários e a juventude não têm trabalho. Vagueiam pelas ruas. E centenas de milhares de pessoas emigram todos os anos através do mundo porque o seu país, pretensamente socialista, não pode alimentá-las.

Na Jugoslávia titista reina o caos. Os corajosos estudantes de Belgrado levantaram-se numa luta contra as baixezas e as traições. O regfime de Tito foi abalado até aos seus fundamentos. Ele pôs em acção as bombas lacrimogéneas e as matracas dos agentes da U. D. B. Os estudantes heróicos apuseram à violência fascista a violência revolucionária. A vitória pertenceu-lhes. Os estudantes ganharam a batalha. Tito fingiu inclinar-se. Mas mentiu, enganou, com a demagogia que lhe é habitual. No entanto, não convenceu ninguém. Todos os Jugoslavos honestos sabem que ele é o autor desta situação e que para a corrigir é necessário utilizar a vassoura de ferro da revolução. Os marxistas-leninistas colocar-se-ão à cabeça da classe operária e dos povos da Jugoslávia. As massas rechaçarão os renegados, os vendidos, os agentes e os lacaios do capital internacional.

É por isso que nos países revisionistas a revolução cresce, cresce sempre! O revisionismo atravessa uma grande crise.

II

As manifestações dos estudantes nos pafses capitalistas têm um carácter diferente. Sâo mais revolucionárias. Eles ergueram-se em poderosas acções contra o poder capitalista no seu país. Foram espancados. Bateram-se contra a polícia. Ergueram barricadas. Atacaram. Foram feridos e mortos. Por seu lado, feriram e mataram policias.

Em França, impulsionaram a maior greve de operários. Solidarizaram-se com eles. Sacudiram até aos seus fundamentos o governo desse país, que tanto se tinha vangloriado de ser forte: ele foi obrigado a trazer o exército para os arredores de Paris, a mudar certos ministros, a dissolver a Assembleia Nacional, a decidir novas eleições, etc.

Os estudantes tiveram razões muito variadas para se manifestarem. Elas podiam ser escolares, económicas, políticas, ideológicas, estruturais, universitárias — mas as suas manifestações provaram, uma vez mais, que se a juventude se entusiasma, ela torna-se uma força militante audaciosa.

Não é fácil distinguir umas das outras as diferentes correntes políticas que exerceram a sua influência no início dos acontecimentos. Os partidos políticos, em particular em França, foram apanhados desprevenidos por este processo. E os revisionistas franceses, de acordo com a reacção, atacaram abertamente e caluniaram os estudantes que se manifestavam contra o poder. O importante é que manifestações análogas tiveram lugar, desde então, na República Federal Alemâ, na Espanha, na Itália, na Inglaterra, na Bélgica, na França, na Jugoslávia, na Turquia, na América Latina, etc. (...) As opiniões e as ideias políticas mais diversas reinam nas suas fileiras, mas todas atacam os poderes estabelecidos no quadro de Estados capitalistas.

Estas manifestações são os primeiros ensaios da violência revolucionária, face à violência burguesa. Com elas, vem o gosto dela aos que a começam a empregar. É aqui — nestes momentos e nestas multidões corajosas de jovens — que devem penetrar os novos marxistas-leninistas, os nossos camaradas revolucionários, para trabalhar e combater ao lado dos estudantes, para os esclarecer e para os guiar.

É um facto que foi ateado um incêndio e que ele dificilmente se extinguirá. Pode ser apagado provisoriamente, mas resplandecerá de novo. A chama que o ateia é uma questão política. Trata-se dos conflitos entre a juventude (em particular os estudantes) e o poder capitalista que os oprime, que os explora e lhes fechou todo o horizonte de vida. Eis as principais razões da revolta. Seria, além disso, necessário procurar outras razões e outras causas.

Nos países capitalistas a vida é insegura. E quando a juventude atinge a idade de pensar por si própria e de exercer uma profissão, ela vê nitidamente os obstáculos intransponíveis que o capitalismo, a propriedade privada, a organização dos trusts e a tecnocracia ergueram no seu caminho. O jovem que aspira ao saber é privado de meios financeiros para o atingir. Dezenas de obstáculos, administrativos, económicos, universitários, dificuldades raciais, a sua origem de classe impedem-no de satisfazer uma necessidade doravante imperiosa no mundo capitalista em que o diploma se tomou o único meio de ganhar o pão. Sem ele, o jovem está de antemão destinado a engrossar as fileiras dos desempregados.

Efectivamente, o direito aos estudos está cada vez mais estritamente limitado nos países capitalistas. Uma primeira selecção colossal elimina os jovens mesmo antes de eles poderem apresentar-se a exames. Estes constituem a segunda barragem. E a terceira prova tem lugar no momento em que os que não conseguiram obter diplomas se apresentam num emprego. Assim, a juventude é votada à miséria, aos sofrimentos, ao desemprego e às humilhações.

Em cada uma destas etapas, é a juventude popular que recebe os golpes mais duros. É também ela que se ergue, impulsionada por todas estas injustiças e pela sua própria cólera. Ela afirma reivindicações de diversas naturezas, mas que têm sempre por característica serem fundamentalmente políticas e nada senão políticas.

Na base do problema dos estudantes — e da juventude em geral — nos países capitalistas reside a questão da revolução, do derrubamento pela violência do poder da burguesia, fonte de todos os seus infortúnios.

Até aqui, os comunistas estão ainda insuficientemente organizados no selo da juventude e entre os estudantes dos palses capitalistas. A sua voz é ainda fraca, devido à traição dos revisionistas. Mas a ideia da revolução impele-os para a frente. Eles sentem, cada dia que passa, a opressão material e espiritual. Aprendem a ver que métodos destruidores o capital emprega contra eles, com que resultados. Buscam os caminhos que conduzem à sua libertação.

Mas a acção dos revisionistas modernos torna provisoriamente difícil encontrar o caminho do socialismo. Contudo, o capitalismo monopolista, apoiado nos revisionistas, continua a desenvolver os seus planos de repressão.

Segundo a imprensa, os estudantes de Paris, nas manifestações e sobre as barricadas, distinguiram-se pelo seu ímpeto revolucionário face às forças governamentais e aos bonzos políticos ou sindicais. Os estudantes souberam pois desmascarar uns e outros. Apesar da diversidade das suas correntes políticas, eles provaram na prática a sua tendência a fazer causa comum com os operários. Os estudantes, esses desempregados de amanhã, viam pois claramente em que classe se deviam apoiar e que ideologia os devia guiar.

Os governos capitalistas, os revisionistas franceses e mesmo Tito descobriram o perigo. Eles manobraram por todos os meios para prevenir a criação desta sólida aliança entre operários e estudantes, para desacreditar o movimento dos jovens universitários, para o isolar. Os revisionistas franceses forneceram uma ajuda colossal ao capital francês. O chefe de fila da burguesia francesa, quando declarou que o seu inimigo era «o comunismo», não se enganava. Ele entendia, com isso, a classe operária e o marxismo-leninismo, mas não os revisionistas franceses que foram os verdadeiros lacaios dos seus capitalistas.

A revolta dos estudantes nos países capitalistas não se extinguirá. Reforçar-se-á incessantemente, para finalmente se incorporar na grande vaga da revolução proletária. Cristalizar-se-á ideologicamente e politicamente. As ideias vitoriosas do marxismo-leninismo, compreendidas e sentidas pelos estudantes do mundo inteiro, unir-se-âo inteiramente à classe operária, à revolução mundial que derrubará pelas armas o poder do capital e construirá o socialismo, como nós próprios fizemos.

III

Neste domínio, a experiência da construção do socialismo no nosso país reveste uma grande importância. Em particular, os nossos documentos — que reflectem a realidade albanesa — permitem à juventude de todo o mundo compreender a nossa revolução proletária e a justa linha do nosso partido marxlsta-leninista. Ela faz descobrir a significação profunda das nossas transformações, do nosso progresso em todos os domínios. O nosso atraso material em certos sectores será ultrapassado. Ele não é devido ao nosso sistema socialista e à nossa ideologia marxista-leninista. E a herança da opressão feudal e burguesa do passado. Que a juventude de todo o mundo veja como avançamos mais rapidamente que o sistema capitalista e precisamente nos pontos aos quais, a avaliar pelas suas lutas, ela atribui a maior importância!

Camaradas, cada vez mais a ideia da revolução e da luta de libertação nacional atrai os povos e os militantes dos diferentes paises. A tempestade da luta contra o capitalismo e o revisionismo segue uma curva ascendente. Um papel decisivo é desempenhado pela grande China Popular, poderosa cidadela da revolução, do socialismo e da luta de libertação dos povos do mundo. Sob a direcção do seu glorioso Partido com o camarada Mao Tsé-tung, esse grande marxista-leninista, à sua cabeça, o povo chinês e os seus 700 milhões de homens alcançam sucessos grandiosos. Sob a direcção de Mao Tsé-tung em pessoa, e de acordo com os seus ensinamentos, realiza-se com sucesso a Grande Revolução Cultural Proletária. Pelo seu poderoso ímpeto, ela demoliu de alto a baixo os esforços e as esperanças dos representantes da burguesia e dos elementos revisionistas que procuravam fazer a China voltar para trás e restaurar o capitalismo. Nesta revolução sem precedentes, distinguiram-se, pela sua valentia e pelo seu espirito revolucionário, a juventude chinesa, os estudantes e os guardas vermelhos. Estes últimos lutam com coragem para traduzir na vida as directivas do Partido e os ensinamentos do presidente Mao Tsé-tung, para fazer progredir continuamente a revolução, para reforçar cada vez mais a ditadura do proletariado e o socialismo.

A China Popular sai da Grande Revolução Cultural Proletária ainda mais poderosa e ainda mais sólida, tanto internamente como no exterior. Os imperialistas, os revisionistas e toda a reacção passaram agora a uma poderosa ofensiva geral contra a Grande Revolução Cultural Proletária chinesa. Eles não se cansam de caluniar a mais extraordinária tempestade revolucionária do nosso tempo. Mas os ataques da frente capitalista-revisionista provam que na China a revolução se desenvolve no bom caminho e com sucesso. A cólera da reacção mostra que ela teme o valor exemplar, a força do apelo ao combate que emana dos acontecimentos da China. Ela treme só de pensar que os operários revolucionários e a juventude progressista do seu pais não suportarão muito mais tempo a sua dominação. Um dia eles levantar-se-ão na luta revolucionária, para derrubar as cliques dominantes, as classes exploradoras antigas e recentes, para edificarem, eles próprios, a sua vida nova.

O mundo capitalista e o revisionismo moderno atravessam uma grande crise política e económica. Nos quatro cantos dos continentes, os povos conduzem a luta com um grande ímpeto revolucionário. Batem-se contra a opressão e a exploração capitalistas, contra o colonialismo, antigo e novo. Têm de resistir às correntes ideológicas mais diversas utilizadas hipocritamente pelo imperialismo, a burguesia, o revisionismo. Estes querem desorientar o pensamento e a imaginação dos homens e dar uma «explicação teórica» para justificar a sua política imperialista, as guerras de rapina, a exploração bestial dos povos, a chantagem atómica, o mito do «mundo sem armas e sem guerra», a partilha do mundo em «zonas de influência», a dominação exercida sobre os povos pelas duas «superpotências atómicas», sob a capa de «coexistência pacífica», etc.

Esta crise profunda do mundo capitalista e revisionista, provocada por uma maré crescente da revolução, conduzirá, através de uma reacção em cadeia inevitável, à grande revolução proletária mundial. Ela somente pode ser compreendida, explicada e aprofundada pela teoria sempre actual do marxismo-leninismo.

O imperialismo, a burguesia e o revisionismo sabem que a maré crescente da revolução é mortal para eles. Assim, para a esmagar, empregam todos os meios, desde a demagogia até às armas. Pouco importa o aspecto sob o qual ela se apresenta, eles tentam sempre aniquilá-la.

Seja qual for a forma sob a qual se manifesta, ou a etapa em que se encontra — a revolução, guiada pelo marxismo-lenlnismo, vence todos os obstáculos. É por isso que os teóricos do imperialismo, da burguesia e do revisionismo moderno desenvolvem todos os seus esforços para se desembaraçarem do marxismo-leninismo. Não conseguindo destruí-lo, fazem tudo para o deformar, para o tornar inofensivo, revendo-o de alto a baixo.

Digam os nossos inimigos o que disserem, a teoria de Marx e de Lenine não envelheceu: o capitalismo e o imperialismo caminham para a ruina total sob os golpes da violência revolucionária armada. A experiência prova-o: o marxismo-leninismo mantém-se jovem e actual. Nenhuma descoberta científica, mesmo se estiver provisoriamente nas mãos de um punhado de capitalistas, poderá deter o avanço da revolução, nem tomar inútil a teoria de vanguarda, o materialismo revolucionário. Não foram os capitalistas que criaram o progresso técnico, e muito menos o bem-estar económico. O que faz deles o apanágio de um grupo de exploradores é unicamente o sistema socioeconómico. Nos países capitalistas, o progresso é pago com o sangue e o suor da classe operária e das massas trabalhadoras exploradas.

Nada poderá subtrair à morte a classe capitalista. Os revisionistas modernos soviéticos, os titistas e outros revisionistas são novos capitalistas e imperialistas. Eles vieram engrossar as fileiras dos antigos e agora, podemos afirmá-lo com certeza, identificam-se inteiramente com os imperialistas e com os capitalistas dos outros países. Provocaram a catástrofe que transformou os seus países socialistas em países capitalistas. Procuraram suster a revolução mundial. Travaram as lutas de libertação dos povos que pretendem enganar, mas nada podem contra as leis da revolução. Eles não a podem deter nem no seu país, nem no mundo. A revolução avança: os factos testemunham-no.

IV

Os revisionistas modernos soviéticos sâo como as outras cliques que se apoderaram do poder nos seus países antigamente socialistas. Eles procuram fazer crer, tanto no interior do Estado como no estrangeiro, que o capitalismo por eles instaurado continua a ser «socialismo», ou até um socialismo mais avançado, mais puro que no passado. Na União Soviética reinaria mesmo o «comunismo» perfeito. Finalmente, a teoria que serve de guia a esta espécie de socialismo e de comunismo é, segundo eles, o marxismo-leninismo mais puro, o verdadeiro. Vê-se, portanto, que papel desempenham estes traidores. Eles são a vanguarda dos sabotadores da quinta coluna capitalista no movimento comunista internacional.

Como tal, em todos os planos — político, ideológico, organizacional e económico — consideram necessariamente o mundo e a sua evolução sob o mesmo ângulo que os capitalistas dos outros países e continentes. Eles não podem deixar de sincronizar os seus negócios e os seus actos, de concluir entre si novos acordos e novas alianças, de criar, portanto, situações novas.

Existem entre eles grandes contradições. Outras aparecerão. Elas são inevitáveis entre os capitalistas, como as batalhas entre os lobos. As contradições entre os revisionistas soviéticos e os outros Imperialistas são da mesma natureza. Têm causas do mesmo tipo que as contradições que opõem os Estados Unidos e a França. Mas os revisionistas intrujam para dissimular a verdadeira natureza destas oposições. Eles declaram: temos contradições porque «nós somos comunistas» e «eles são capitalistas». Isto é uma mentira pura e simples: ambas as partes são capitalistas.

Os revisionistas soviéticos guiam esta matilha de traidores com a ajuda das suas teorias e das suas análises antimarxistas. Procuram explicar os acontecimentos com as receitas que um chefe de fila do imperialismo mundial propaga através do mundo. E dão a estas fórmulas uma forma concreta concluindo alianças e acordos de todos os géneros contra os povos. Constroem pontes entre a União Soviética e os Estados Unidos da América, entre os diversos países capitalistas e as cliques revisionistas.

A esta traição justapôs-se o nome de «coexistência pacífica khruchtchevlana>.

Mas a despeito destas maquinações, que é que se passa no mundo? Em todo o lado onde os americanos puseram os pés, no Vietnam e noutros lados, nasce a guerra popular, a revolta armada, a resistência. Os povos, os comunistas e todos os patriotas de todos os continentes lutam contra eles. No interior do país, os Estados Unidos mergulharam numa grave doença. Os afro-americanos atacam. Os estudantes atacam. King e os dois Kennedy são friamente abatidos. O dólar atravessa uma grave crise, ao ponto de a Casa Branca ter de impor ao povo americano que aperte o cinto. Naturalmente o mesmo tratamento é infligido aos seus satélites europeus e asiáticos. Em toda a parte onde intervém, o imperialismo americano fornece armas aos agressores, por exemplo, a Israel contra os povos árabes, aos fascistas indonésios para matar meio milhão de comunistas e de patriotas, etc. Duma ponta à outra da América Latina, os povos lutam para se libertarem da bota ianque. Em suma, eis um digno aliado para os revisionistas soviéticos.

A Grã-Bretanha atravessa uma crise muito grave, económica e naturalmente também política. É uma galinha choca que vive à sombra do tio Sam. Na mesma situação se encontram também outros países capitalistas na Europa e nos outros continentes. A água ferve no caldeirão e por vezes o testo salta ao ar.

Os países revisionistas, a União Soviética e a Jugoslávia à cabeça, atravessam uma grande crise e encontram-se no caos, tanto interior como exterior.

A recessão económica — que se agrava no mundo capitalista— sufoca também os países revisionistas, a União Soviética em primeiro lugar.

Nestes países, esta grande crise é a consequência da transformação capitalista que se opera em todos os domínios — ideologia, política, economia e organização do modo de viver. É também fruto dos laços e das alianças de todos os géneros estabelecidos com diversos capitalistas e dos créditos recebidos à custa da sujeição.

Em suma, a clique de Moscovo submete-se pouco a pouco ao capital mundial economicamente e politicamente. Os contra-golpes da crise mundial fazem-se sentir tanto nos Estados capitalistas como nos países revisionistas. Os traidores de Moscovo atravessam uma das suas mais graves crises. Toda a sua politica foi desmascarada. Ela fracassou, tanto no exterior como no interior. A clique do Kremlin encontra-se presa entre vários fogos que a aniquilarão. Ela procura impor-se pela força, pelas mentiras, pelas medidas de circunstância que toma em relação às cliques satélites que dirigem outros países. Estas últimas manobram também com os capitalistas, com os revisionistas soviéticos, com o diabo e a sua comitiva, para prolongar a sua existência, que tem os dias contados.

Mas os traidores do Kremlin são igualmente atacados no interior. Eles dizem mal uns dos outros, ao mesmo tempo que fazem tudo o que podem para se apresentar como se estivessem unidos. Isto salta aos olhos. Os traidores balem nos cantos que dão conta dos seus erros, que Staline, segundo um marechal muito criticado por eles, era um grande homem, um chefe militar hábil. Confessam que Tito é um traidor e um agente dos Americanos, que Staline tinha examinado judiciosamente o problema, etc.

Nós conhecemos há muito tempo esta táctica khruchtcheviana. Babemos muito bem o que se esconde por detrás destas frases demagógicas. Apesar de tudo isso, a clique dos traidores do Kremlin encontra-se em má posição, e ela irá de mal a pior. A traição será esmagada. O marxismo-leninismo triunfará de novo na União Soviética e nos outros países onde os revisionistas modernos se apoderaram do poder.


Notas de rodapé:

(1) A U.D.B. é a polícia política jugoslava.(retornar ao texto)

(2) Kossové é uma região da Federação Jugoslava onde a maioria da população (um milhão) é albanesa. (retornar ao texto)

Inclusão 16/08/2012