Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás
Resposta de N. Lénine a Rosa Luxemburg(N47)

V. I. Lénine

Setembro de 1904

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Escrito: em Setembro, depois de 2 (15) de 1904.
Fonte: Obras Escolhidas em seis tomos, Edições "Avante!", 1986, t1, pp 116-126.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t.9, pp. 38-65.
Transcrição e HTML: Manuel Gouveia
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" — Edições Progresso Lisboa — Moscovo.

capa

O artigo da camarada Rosa Luxemburg nos n.os 42 e 43 da Die Neue Zeit(N48) é uma análise crítica do meu livro russo sobre a crise no nosso partido. Não posso deixar de exprimir agradecimentos aos camaradas alemães pela sua atenção à nossa literatura partidária, pelas suas tentativas de dar a conhecer esta literatura à social-democracia alemã, mas devo indicar que o artigo de Rosa Luxemburg na Neue Zeit não dá a conhecer aos leitores o meu livro mas algo diferente. É o que se vê pelos exemplos seguintes. A camarada Luxemburg diz, por exemplo, que no meu livro se exprimiu distinta e claramente a tendência de um «centralismo intransigente». A camarada Luxemburg supõe, deste modo, que eu defendo um sistema organizativo contra um outro. Mas de facto não é assim. Ao longo de todo o livro, da primeira à última página eu defendo os princípios elementares de qualquer sistema de qualquer organização partidária concebível. No meu livro não se analisa a questão da diferença entre este ou aquele sistema organizativo mas a questão de saber como se deve apoiar, criticar e corrigir qualquer sistema sem contradizer os princípios do partido. Rosa Luxemburg diz mais adiante que «de acordo com a sua (de Lénine) concepção, é atribuído ao CC o poder de organizar todos os comités locais do partido». De facto isto não é verdade. A minha opinião sobre esta questão pode ser documentalmente provada pelo projecto de estatutos da organização do partido por mim apresentado. Neste projecto não há nem uma palavra sobre o direito de organizar os comités locais. A comissão eleita pelo congresso do partido para elaborar os estatutos do partido incluiu neles este direito, e o congresso do partido ratificou o projecto da comissão. Para esta comissão, além de mim e de mais um partidário da maioria, foram eleitos três representantes da minoria do congresso do partido, e consequentemente nesta comissão, que atribuiu ao CC o direito de organizar os comités locais, eram precisamente três adversários meus que tinham a supremacia. A camarada Rosa Luxemburg confundiu dois factos diferentes. Em primeiro lugar, ela confundiu o meu projecto de organização, por um lado, com o projecto alterado da comissão, e, por outro lado, com os estatutos de organização adoptados pelo congresso do partido; em segundo lugar, confundiu a defesa de uma determinada exigência de um determinado parágrafo dos estatutos (não é de modo nenhum verdade que eu tenha sido intransigente nesta defesa, pois no plenário eu não me opus às alterações introduzidas pela comissão) com a defesa da tese (verdadeiramente «ultracentralista», não é verdade?) de que os estatutos adoptados pelo congresso do partido devem ser aplicados enquanto não forem modificados pelo congresso seguinte. Esta tese («puramente blanquista»(N49), como o leitor pode facilmente notar), realmente defendi-a «intransigentemente» no meu livro. A camarada Luxemburg diz que, em minha opinião, «o CC é o único núcleo activo do partido». De facto isto não é verdade. Eu nunca defendi esta opinião. Pelo contrário, os meus opositores (a minoria do II congresso do partido) acusaram-me nos seus escritos de eu não defender suficientemente a independência e a autonomia do CC e de o submeter demasiadamente à redacção do OC(1*) e ao Conselho do Partido(N50), que se encontram no estrangeiro. A esta acusação respondi no meu livro que quando a maioria do partido teve a supremacia no Conselho do Partido nunca fez tentativas de limitar a autonomia do CC; mas isto aconteceu logo que o Conselho do Partido se tornou um instrumento de luta nas mãos da minoria. A camarada Rosa Luxemburg diz que na social-democracia russa não existem nenhumas dúvidas da necessidade de um partido único e que toda a discussão se concentra em torno da questão de maior ou menor centralização. De facto isto não é verdade. Se a camarada Luxemburg se tivesse dado ao trabalho de tomar conhecimento das resoluções dos numerosos comités locais do partido que formam a maioria, compreenderia facilmente (isto vê-se de modo particularmente claro no meu livro) que a nossa discussão girou principalmente sobre a questão de saber se o CC e o OC deviam representar a tendência da maioria do congresso do partido ou se não deviam. A estimada camarada não diz nem uma palavra sobre esta exigência «ultracentralista» e «puramente blanquista», ela prefere declamar contra a subordinação mecânica da parte ao todo, contra a submissão servil, contra a obediência cega e outros horrores. Estou muito agradecido à camarada Luxemburg por explicar a ideia profunda de que a submissão servil é prejudicial para o partido, mas gostaria de saber se a camarada considera normal, se ela pode admitir, se ela já viu em qualquer partido que em órgãos centrais, que se intitulam órgãos do partido, domine a minoria do congresso do partido? A camarada Rosa Luxemburg atribui-me a ideia de que na Rússia já existem todas as premissas para a organização de um grande e extremamente centralizado partido operário. Novamente um erro de facto. No meu livro eu não só não defendi esta ideia em parte nenhuma como nem sequer a manifestei. A tese apresentada por mim exprimia e exprime algo diferente. A saber, eu sublinhei que existem já todas as premissas para que as decisões do congresso do partido sejam reconhecidas e que já passou há muito o tempo em que era possível substituir um colégio do partido por um círculo privado. Eu apresentei provas de que alguns académicos no nosso partido revelaram a sua inconsequência e falta de firmeza e de que eles não têm nenhum direito de imputar ao proletariado russo a sua própria falta de disciplina. Os operários russos já se pronunciaram, repetidamente e em diferentes circunstâncias, pela observância das disposições do congresso do partido. É perfeitamente ridículo que a camarada Luxemburg declare «optimista» semelhante opinião (não se deveria antes considerá-la «pessimista») e ao mesmo tempo não diz nem uma só palavra sobre a base factual da minha posição. A camarada Luxemburg diz que eu glorifico o significado educativo da fábrica. Isto não é verdade. Não fui eu, mas o meu adversário, quem declarou que eu imagino o partido sob a forma de uma fábrica. Eu ridicularizei-o como deve ser e demonstrei com base nas suas palavras que ele confunde dois aspectos diferentes da disciplina da fábrica, o que, infelizmente, também aconteceu à camarada R. Luxemburg(2*).

A camarada Luxemburg diz que eu, com a minha definição do social-democrata revolucionário como um jacobino(N51) ligado à organização dos operários com consciência de classe, caracterizei talvez mais agudamente o meu ponto de vista do que poderia fazê-lo qualquer dos meus adversários. Outra vez uma incorrecção factual. Não fui eu, mas P. Axelrod, quem primeiro falou de jacobinismo. Foi Axelrod quem primeiro comparou os nossos agrupamentos do partido com os agrupamentos do tempo da grande revolução francesa. Eu observei apenas que esta comparação só é admissível no sentido de que a divisão da social-democracia actual em revolucionária e oportunista corresponde em certa medida à divisão em montanheses e girondinos(N52). Semelhante comparação foi muita vezes feita pelo velho Iskra(N53), reconhecido pelo congresso do partido. Tendo em conta exactamente essa divisão, o velho Iskra lutava contra a ala oportunista do nosso partido, contra a corrente da Rabótchee Delo(N54). Rosa Luxemburg confunde aqui a correlação entre duas correntes revolucionárias dos séculos XVIII e XX com uma identificação destas correntes elas próprias. Por exemplo, se eu disser que o Pequeno Scheidegg está para a Jungfrau como uma casa de dois andares para uma de quatro, isto não quer dizer que eu identifique a casa de quatro andares com a Jungfrau. A camarada Luxemburg deixou completamente fora do seu campo de visão uma análise factual das diferentes correntes do nosso partido. Mas eu dedico exactamente a metade maior do meu livro a esta análise, que se baseia nas actas do nosso congresso do partido, e no prefácio eu chamo uma especial atenção para isto. Rosa Luxemburg quer falar da situação actual do nosso partido e ao fazê-lo ignora completamente o nosso congresso do partido, o qual lançou propriamente os verdadeiros alicerces do nosso partido. Deve reconhecer-se que é um empreendimento arriscado! Tanto mais arriscado quanto, como eu indiquei centenas de vezes no meu livro, os meus adversários ignoram o nosso congresso do partido e é precisamente por isso que as suas afirmações estão privadas de qualquer base factual.

A camarada Rosa Luxemburg comete exactamente o mesmo erro fundamental. Ela apenas repete frases ocas, não se dando ao trabalho de esclarecer o seu sentido concreto. Ela mete medo com diferentes horrores sem analisar a base real da discussão. Ela atribui-me lugares-comuns, princípios e considerações de conhecimento geral, verdades absolutas, e esforça-se por passar em silêncio as verdades relativas que se baseiam em factos rigorosamente definidos e que são as únicas com que eu opero. E ela queixa-se ainda de chavões e invoca a este respeito a dialéctica de Marx. Mas é exaclamente o artigo da estimada camarada que contém exclusivamente chavões inventados e é exactamente o seu artigo que contradiz o á-bê-cê da dialéctica. Este á-bê-cê afirma que não há verdade abstracta, que a verdade é sempre concreta. A camarada Rosa Luxemburg ignora majestaticamente os factos concretos da nossa luta partidária e entrega-se a generosas declamações sobre questões que é impossível discutir seriamente. Vou dar um último exemplo do segundo artigo da camarada Luxemburg. Ela cita as minhas palavras acerca de que uma ou outra redacção dos estatutos de organização pode servir de arma mais ou menos afiada de luta contra o oportunismo. Quais as formulações de que eu falei no meu livro e de que todos falámos no congresso do partido, sobre isso Rosa Luxemburg não diz uma palavra. Qual a polémica que eu travei no congresso do partido, contra quem é que eu avancei as minhas teses, a isto a camarada não se refere minimamente. Em vez disso ela tem a bondade de me fazer toda uma prelecção sobre o oportunismo... nos países do parlamentarismo!! Mas sobre todas as variedades particulares e específicas do oportunismo, sobre os matizes que ele assumiu na Rússia e de que se fala no meu livro — sobre isso não encontramos no seu artigo nem uma palavra. A conclusão de todas estas considerações altamente brilhantes é a seguinte:

«Os estatutos do partido não devem ser em si (?? perceba quem puder) uma arma para resistir ao oportunismo, mas apenas um poderoso meio externo para o exercício de uma influência dirigente da maioria revolucionária proletária realmente existente do partido.»

Perfeitamente correcto. Mas como se formou a maioria realmente existente do nosso partido, sobre isso Rosa Luxemburg nada diz, mas é precisamente disso que eu falo no meu livro. Ela também nada diz sobre qual a influência que eu e Plekhánov defendemos com a ajuda deste poderoso meio externo. Só posso acrescentar que eu nunca disse em parte nenhuma semelhante absurdo — que os estatutos do partido são uma arma «em si».

A resposta mais correcta a este modo de interpretar as minhas concepções seria expor os factos concretos da nossa luta partidária. Ficará então claro para cada um quão fortemente os factos concretos contradizem os lugares-comuns e os chavões abstractos da camarada Luxemburg.

O nosso partido foi fundado na Primavera de 1898 na Rússia no congresso de representantes de algumas organizações russas(N55). O partido foi chamado Partido Operário Social-Democrata da Rússia. O Rabótchaia Gazeta(N56) foi tornado Órgão Central e a União dos Sociais-Democratas Russos no Estrangeiro(N57) tornou-se o representante do partido no estrangeiro. Pouco depois do congresso o CC do partido foi preso. O Rabótchaia Gazeta deixou de sair depois do segundo número. Todo o partido se transformou num conglomerado informe de organizações partidárias locais (chamadas comités). A única ligação que unificava estes comités locais era uma ligação ideal, puramente espiritual. Tinha inevitavelmente de surgir um período de divergências, de vacilações, de cisões. Os intelectuais, que constituíam no nosso partido uma percentagem muito maior do que nos partidos oeste-europeus, entusiasmaram-se pelo marxismo como por uma nova moda. Este entusiasmo deu muito rapidamente lugar, por um lado, a um ajoelhar servil perante a crítica burguesa de Marx, e, por outro lado, a um movimento operário puramente profissional (grevismo-«economismo»(N58)). A divergência entre a corrente intelectual-oportunista e a corrente proletária-revolucionária conduziu à cisão da União no estrangeiro. O jornal Rabótchaia Misl(N59) e a revista publicada no estrangeiro Rabótchee Delo (esta última de modo um pouco mais fraco) exprimiam o ponto de vista do «economismo», rebaixavam a importância da luta política, negavam os elementos de uma democracia burguesa na Rússia. Os críticos «legais» de Marx(N60), os senhores Struve, Tugan-Baranóvski, Bulgákov, Berdiáev e outros, viraram decididamente à direita. Em parte nenhuma da Europa encontramos o bernsteinianismo(N61) a chegar tão depressa ao seu fim lógico, à formação de uma fracção liberal, como aconteceu na Rússia. No nosso país o Sr. Struve começou pela «crítica» em nome do bernsteinianismo e acabou na organização da revista liberal Osvobojdénie, liberal no sentido europeu desta palavra. Plekhánov e os seus amigos, provenientes da União no estrangeiro, encontraram apoio por parte dos fundadores do Iskra e da Zariá. Estas duas revistas (até mesmo a camarada Rosa Luxemburg ouviu algo a esse respeito) conduziram uma «brilhante campanha de três anos» contra a ala oportunista do partido, uma campanha da «Montanha» social-democrata contra a «Gironda» social-democrata (é uma expressão do velho Iskra); uma campanha contra a Rabótchee Delo (os camaradas Kritchévski, Akímov, Martínov e outros), contra o Bund(N62) judeu, contra as organizações russas que se tinham entusiasmado por esta corrente (em primeiro lugar contra a chamada «Organização Operária» de Sampetersburgo e o comité de Vorónej(N63)).

Tornou-se cada vez mais evidente que não bastava uma ligação puramente ideal entre os comités. Manifestava-se de modo cada vez mais sensível a necessidade de formar um partido realmente coeso, isto é, de cumprir aquilo que apenas se tinha apontado em 1898. Finalmente, em fins de 1902 formou-se um Comité de Organização que se colocou a tarefa de convocar o II congresso do partido. Neste CO, formado principalmente pela organização russa do Iskra, entrou também um representante do Bund judeu. No Outono de 1903 realizou-se finalmente o II congresso, que terminou, por um lado, com a unificação formal do partido, e, por outro lado, com a sua cisão em «maioria» e «minoria». Esta divisão não existia antes do congresso. Só uma análise pormenorizada da luta que teve lugar no congresso do partido pode explicar esta divisão. Infelizmente, os partidários da minoria (incluindo a camarada Luxemburg) evitam receosamente esta análise.

No meu livro, que a camarada Luxemburg apresentou aos leitores alemães de modo tão original, dedico mais de 100 páginas a um exame pormenorizado das actas do congresso (que constituem um volume de cerca de 400 páginas). Esta análise obrigou-me a dividir os delegados, ou, melhor dizendo, os votos (tínhamos delegados com um ou dois votos), em quatro grupos principais: 1) os iskristas da maioria (partidários da corrente do velho Iskra) — 24 votos, 2) os iskristas da minoria — 9 votos, 3) o centro (por troça também chamado «pântano») — 10 votos e, finalmente, 4) os anti-iskristas — 8 votos, ao todo 51 votos. Eu analiso a participação destes grupos em todas as votações que tiveram lugar no congresso do partido e demonstro que em todas as questões (do programa, da táctica e da organização) o congresso do partido foi arena de uma luta dos iskristas contra os anti-iskristas, com diversas vacilações do «pântano» . Deve estar claro para quem quer que esteja minimamente familiarizado com a história do nosso partido que não podia ser de outra maneira. Mas todos os partidários da minoria (incluindo R. Luxemburg) fecham modestamente os olhos a esta luta. Porquê? Exactamente esta luta torna evidente toda a falsidade da posição política actual da minoria. Durante toda esta luta no congresso do partido acerca de dezenas de questões, em dezenas de votações, os iskristas lutaram contra os anti-iskristas e o «pântano», que alinhava tanto mais decididamente com os anti-iskristas quanto mais concreta fosse a questão discutida, quanto mais positivamente ela definisse o sentido fundamental do trabalho social-democrata, quanto mais realmente procurasse aplicar os inalteráveis planos do velho Iskra. Os anti-iskristas (particularmente o camarada Akímov e o delegado da «Organização Operária» de Sampetersburgo, camarada Brúker, sempre de acordo com ele, quase sempre o camarada Martínov e 5 delegados do Bund judeu) eram contra o reconhecimento da orientação do velho Iskra. Eles defendiam as velhas organizações independentes, votavam contra a sua subordinação ao partido, contra a sua fusão com o partido (o incidente com o CO(N64), a dissolução do grupo lújni Rabótchi(N65), o mais importante grupo do «pântano», etc.). Eles lutaram contra os estatutos de organização, formulados no espírito do centralismo (14ª sessão do congresso) e acusaram então todos os iskristas de quererem introduzir a «desconfiança organizada», uma «lei de excepção» e outros horrores. Todos os iskristas, sem excepção, se riram então disto; é notável que a camarada Rosa Luxemburg tome agora todas estas invencionices por algo de sério. Na maioria esmagadora das questões venceram os iskristas; eles predominavam no congresso, o que se vê claramente pelos dados numéricos mencionados. Mas durante a segunda metade das sessões do congresso, quando estavam a ser decididas questões menos de princípio, venceram os anti-iskristas — alguns iskristas votaram com eles. Assim aconteceu, por exemplo, quanto à questão da igualdade de direitos de todas as línguas no nosso programa; nesta questão os anti-iskristas quase conseguiram derrotar a comissão do programa e introduzir a sua formulação. Assim sucedeu também quanto à questão do primeiro parágrafo dos estatutos, quando os anti-iskristas, juntamente com o «pântano», introduziram a formulação de Mártov. De acordo com esta redacção, são considerados membros do partido não só os membros de uma organização partidária (esta formulação era defendida por mim e por Plekhánov) mas também todas as pessoas que trabalham sob o controlo de uma organização partidária(3*).

O mesmo aconteceu na questão das eleições do CC e da redacção do Órgão Central. Vinte e quatro iskristas formavam uma maioria coesa; eles aplicaram o plano há muito pensado de renovação da redacção: dos seis antigos redactores foram eleitos três; da minoria faziam parte 9 iskristas, 10 membros do centro e 1 anti-iskrista (os restantes 7 anti-iskristas, representantes do Bund judeu e da Rabótchee Delo, tinham já antes abandonado o congresso). Esta minoria ficou tão descontente com as eleições que decidiu abster-se de participar nas restantes eleições. O camarada Kautsky tinha perfeita razão quando viu no facto da renovação da redacção a principal causa da luta ulterior. Mas a sua opinião de que eu (sic) «excluí» três camaradas da redacção só se explica pelo seu completo desconhecimento do nosso congresso. Em primeiro lugar, não eleição não é de modo nenhum o mesmo que exclusão, e eu, naturalmente, não tinha no congresso o direito de excluir ninguém, e em segundo lugar o camarada Kautsky parece nem suspeitar de que o facto da coligação dos anti-iskristas, do centro e de uma pequena parte dos adeptos do Iskra também tinha um significado político e não podia deixar de influir no resultado das eleições. Quem não quiser fechar os olhos àquilo que se passou no nosso congresso tem de saber que a nossa nova divisão em minoria e maioria é apenas uma variante da velha divisão nas alas proletária-revolucionária e intelectual-oportunista do nosso partido. Isto é um facto que não se pode eludir com nenhumas interpretações nem com nenhumas zombarias.

Infelizmente, depois do congresso o significado de princípio desta cisão foi obscurecido pelas desavenças acerca da questão da cooptação. A saber, a minoria não queria trabalhar sob o controlo das instituições centrais se três antigos redactores não fossem de novo cooptados. Esta luta durou dois meses. De meios de luta serviram o boicote e a desorganização do partido. Doze comités (dos 14 que se pronunciaram a este propósito) condenaram severamente estes métodos de luta. A minoria recusou-se mesmo a aceitar a nossa proposta (que partiu de mim e de Plekhánov) e a expor o seu ponto de vista nas páginas do Iskra. No congresso da Liga no estrangeiro(N67) as coisas foram ao ponto de os membros dos órgãos centrais serem cobertos de ofensas pessoais e de injúrias (autocratas, burocratas, gendarmes, mentirosos, etc.). Acusaram-nos de reprimirem a iniciativa pessoal e de quererem introduzir a obediência absoluta, a submissão cega, etc. As tentativas de Plekhánov de qualificar de anarquista tal método de luta da minoria não conseguiram atingir os seus fins. Depois deste congresso Plekhánov interveio com o seu artigo, que fez época e era dirigido contra mim, O Que Não Fazer (no n.° 52 do Iskra). Neste artigo ele dizia que a luta contra o revisionismo não deve significar necessariamente luta contra os revisionistas; era claro para todos que com isto ele subentendia a nossa minoria. Mais adiante ele dizia que por vezes não se deve combater o individualismo anarquista, que está tão profundamente enraizado no revolucionário russo; algumas concessões são por vezes o melhor meio de o submeter e de evitar a cisão. Eu saí da redacção, pois não podia partilhar esta opinião, e os redactores da minoria foram cooptados. Depois seguiu-se a luta pela cooptação para o Comité Central. Foi rejeitada a minha proposta de concluir a paz com a condição de a minoria ficar com o OC e a maioria com o CC. A luta prosseguiu, lutou-se «do ponto de vista dos princípios» contra o burocratismo, o ultracentralismo, o jacobinismo, o schweitzerismo (chamaram-me precisamente a mim Schweitzer russo) e outros horrores. Eu ridicularizei todas estas acusações no meu livro e observei que eram ou uma simples desavença sobre a cooptação ou (se tivessem de ser condicionalmente reconhecidas como «princípios») não passavam de frases oportunistas e girondinas. A actual minoria repete apenas aquilo que o camarada Akímov e outros reconhecidos oportunistas disseram no nosso congresso contra o centralismo, defendido por todos os partidários do velho Iskra .

Os comités russos ficaram indignados com a transformação do OC em órgão de um círculo privado, em órgão de desavenças sobre a cooptação e de bisbilhotices partidárias. Foram adoptadas numerosas resoluções exprimindo a mais severa reprovação. Só a chamada «Organização Operária» de Sampetersburgo, já por nós referida, e o comité de Vorónej (partidários da orientação do camarada Akímov) exprimiram a sua satisfação de princípio a propósito da orientação do novo Iskra. Tornaram-se cada vez mais numerosas as vozes que exigiam a convocação do III congresso.

O leitor que se der ao trabalho de estudar as fontes da nossa luta no partido compreenderá facilmente que as declarações da camarada Rosa Luxemburg sobre o «ultracentralismo», sobre a necessidade de uma centralização gradual, etc., são concretamente e na prática uma zombaria sobre o nosso congresso, enquanto abstracta e teoricamente (se se pode aqui falar de teoria) são uma vulgarização directa do marxismo, uma deturpação da verdadeira dialéctica de Marx, etc.

A última fase da nossa luta no partido foi marcada pelo facto de os membros da maioria terem sido em parte excluídos do CC, em parte neutralizados, reduzidos a zero. (Isto aconteceu devido às mudanças na composição do CC, etc.) O Conselho do Partido (que depois da cooptação dos antigos redactores também caiu nas mãos da minoria) e o actual CC condenaram toda a agitação pela convocação do III congresso e estão a adoptar a via dos acordos e negociações pessoais com alguns membros da minoria. Organizações como, por exemplo, um colégio de agentes (representantes) do CC, que se permitiram cometer um crime como a agitação a favor da convocação do congresso, foram dissolvidas(N68). A luta do Conselho do Partido e do novo CC contra a convocação do III congresso foi declarada em toda a linha. A maioria respondeu a isto com a palavra de ordem: «Abaixo o bonapartismo!» (assim se intitulava a brochura do camarada Galerka, que fala em nome da maioria). Cresce o número de resoluções em que as instituições do partido que conduzem a luta contra a convocação do congresso são declaradas antipartido e bonapartistas(N69). Como eram hipócritas todos os discursos da minoria contra o ultracentralismo e pela autonomia é o que se vê pelo facto de uma nova editora da maioria, iniciada por mim e por um camarada (onde foi impressa a brochura atrás referida do camarada Galerka e algumas outras), ter sido declarada como estando fora do partido. A nova editora oferece à maioria a única possibilidade de fazer propaganda das suas ideias, pois as páginas do Iskra lhe estão quase fechadas. E apesar disto ou, melhor dizendo, precisamente por isto o Conselho do Partido tomou a decisão atrás referida na base puramente formal de que a nossa editora não foi autorizada por nenhuma organização do partido.

Nem é preciso dizer como é agora descurado o trabalho positivo, quanto caiu o prestígio da social-democracia, como todo o partido está desmoralizado, porque foram reduzidas a nada todas as decisões e todas as eleições do II congresso, e também devido à luta contra a convocação do III congresso travada por instituições partidárias responsáveis perante o partido.


Notas de rodapé:

(N47) Em Maio de 1904 foi publicado o livro de V. I. Lénine Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás (A Crise no Nosso Partido), no qual se fundamentavam de forma científica e completa os princípios organizativos do partido marxista. A este livro está ligada uma nova e grande etapa na elaboração da doutrina marxista-leninista do partido, na luta dos marxistas russos, encabeçados por Lénine, pela criação na Rússia de um partido verdadeiramente revolucionário da classe operária, de um partido de novo tipo.
No livro faz-se uma análise pormenorizada de todo o curso da luta dentro do partido no II Congresso do POSDR, realizado de 17 (30) de Julho a 10 (23) de Agosto de 1903 (Bruxelas e Londres), e no período posterior ao Congresso. Ocupa um lugar central a questão da importância política da divisão do partido em «maioria» e «minoria». Lénine demonstrou de forma irrefutavelmente convincente que a «maioria» era a ala revolucionária e a «minoria» a ala oportunista do POSDR. Essa divisão, conclui Lénine, é uma continuação directa e necessária da divisão da social-democracia em revolucionária e oportunista, divisão há muito surgida noutros países.
Os oportunistas do movimento social-democrata russo contavam com o apoio dos dirigentes da II Internacional. Mesmo Rosa Luxemburg, que se encontrava na esquerda da II Internacional, não compreendeu o significado da luta de Lénine por princípios organizativos e por uma disciplina partidária firmes e pronunciou-se contra Lénine num artigo publicado na revista Die Neue Zeit. O artigo foi traduzido para russo e publicado com o título «Questões de organização da social-democracia russa», no nº 69 do Iskra. A resposta a este artigo foi dada por Lénine na obra Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás. Resposta de N. Lénine a Rosa Luxemburg, enviada a K. Kautsky. Mas Kautsky recusou-se a publicar o artigo na Die Neue Zeit a pretexto que isso podia «prejudicar» a causa da social-democracia russa. (retornar ao texto)

(N48)Die Neue Zeit (O Tempo Novo): revista da social-democracia alemã, publicada em Estugarda de 1883 a 1923. Até 1917 foi dirigida por Karl Kautski. Em 1885-1895 foram publicados na revista alguns artigos de Engels. (retornar ao texto)

(N49) Blanquismo: corrente política ligada ao nome do destacdo revolucionário francês Louis Auguste Blanqui, representante eminente do comunismo utópico. Os blanquistas negavam a luta de classes e consideravam que, mesmo na ausência de uma situação revolucionária, um estreito grupo de conspiradores, não ligados à classe revolucionária, pode realizar uma insurreição vitoriosa. (retornar ao texto)

(1*) Órgão Central. (N. Ed.) (retornar ao texto)

(N50) O Conselho do Partido, de acordo com os estatutos do partido adoptados no II Congresso do POSDR, foi criado como instituição suprema do partido, chamada a fazer concordar e a unificar a actividade do Comité Central e da redacção do Órgão Central e a representar o POSDR nas relações com outros partidos. O Conselho do Partido era composto por 5 membros, um dos quais era designado pelo congresso do partido, sendo dois enviados pelo CC e outros dois pela redacção do Órgão Central. Depois da conquista pelos mencheviques da redacção deste, o Conselho tornou-se um instrumento da luta contra os bolcheviques. Lénine lutou consequentemente no Conselho pela coesão do Partido e desmascarou a actividade desorganizadora e cisionista dos mencheviques. Segundo os estatutos adoptados pelo III Congresso do POSDR (1905), o Conselho do Partido foi suprimido. (retornar ao texto)

(2*) Ver a brochura russa Os Nossos Mal-Entendidos, o artigo «Rosa Luxemburg contra Karl Marx». (retornar ao texto)

(N51) Jacobinos (montanheses, Montanha): designação de um dos dois agrupamentos políticos da burguesia no período da Grande Revolução Francesa. Chamava-se jacobinos aos representantes mais decididos da classe revolucionária do seu tempo – a burguesia – que defendiam a necessidade de eliminar o absolutismo e o feudalismo. (retornar ao texto)

(N52) Girondinos: designação de um dos dois agrupamentos políticos da burguesia do período da Grande Revolução Francesa. Os girondinos representavam predominantemente a a burguesia comercial-industrial e agrária. O seu nome deriva do departamento da Gironda, bastião da grande burguesia. Os girondinos, diferentemente dos jacobinos, vacilavam entre a revolução e a contra-revolucão e seguiam a via dos acordos com a monarquia. Lénine chamava Gironda socialista à corrente oportunista na social-democracia. Depois da cisão do POSDR em bolcheviques e mencheviques, Lénine sublinhou frequentemente que os mencheviques representavam a corrente girondina no movimento operário. (retornar ao texto)

(N53) Iskra: primeiro jornal marxista ilegal de toda a Rússia, fundado por Lénine em 1900. O primeiro número publicou-se em Leipzig e os seguintes em Munique, Londres e Genebra. O Iskra desempenhou um papel decisivo na luta por um partido marxista, na unificação dos grupos sociais-democratas, na elaboração do Programa e dos Estatutos do partido e na convocação do II Congresso do POSDR. Contudo, as divergências dentro da redacção, surgidas na elaboração do programa do partido, levaram depois do congresso a que o jornal passasse para as mãos dos mencheviques. A partir do nº 52 o Iskra deixou de ser o orgão do marxismo revolucionário. A partir de então começou-se a falar no partido do «velho Iskra», como jornal leninista e bolchvique, e do «novo Iskra» como jornal menchevique e oportunista. (retornar ao texto)

(N54) Rabótchee Delo: revista publicada em Genebra em 1899-1902. A revista tinha posições oportunistas nas questões da táctica e das tarefas organizativas da social-democracia russa, negava as possibilidades revolucionárias do campesinato, etc. Os «rabotchedelistas» faziam propaganda das ideias oportunistas da subordinação da luta política do proletariado à luta económica, curvavam-se perante a espontaniedade no movimento operário e negavam o papel dirigente do partido. No II Congresso do POSDR os «rabotchedelistas» representavam a ala de extrema-direira, oportunista, do partido. (retornar ao texto)

(N55) O I Congresso do POSDR realizou-se ilegalmente em 1-3 (13-15) de Março de 1898 em Minsk. No Congresso participaram 9 delegados de 6 organizações. No Manifesto do POSDR o Congresso proclamava a fundação do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, iniciando desse modo a formação em partido dos grupos socias-democratas isolados, que passaram a chamar-se comités do POSDR. (retornar ao texto)

(N56) Rabótchaia Gazeta: jornal social-democrata ilegal, publicado em Kiev em Agosto-Dezembro de 1897. O I Congresso do POSDR reconheceu o jornal como órgão oficial do partido. Contudo, a tipografia foi destruída pela polícia e o jornal interrompeu a sua existência. (retornar ao texto)

(N57) A União dos Sociais-Democratas Russos no Estrangeiro foi fundada em 1894 em Genebra. Publicava literatura revolucionária oara a Rússia. O I Congresso do POSDR reconheceu a União como representante do partido no estrangeiro. Contudo, a partir de 1899 a direcção da União adoptou posições oportunistas e o II Congresso do partido dissolveu a união. (retornar ao texto)

(N58) Economisno ou orientação economista: corrente oportunista na social-democracia russa de fins do século XIX e princípios do século XX, variedade russa do oportunismo internacional. Os «economistas» limitavam as tarefas da classe operária à luta económica. Inclinando-se perante a espontaneidade do movimento operário, os «economistas» minimizavam a importância da teoria revolucionária, negavam a necessidade de o partido marxista introduzir a consciência socialista no movimento operário e abriam desse modo caminho à ideologia burguesa. Os «economistas» defendiam o isolamento e o trabalho artesanal no movimento social-democrata e pronunciavam-se contra a necessidade da criação de um partido centralizado da classe operária. (retornar ao texto)

(N59) Rabótchaia Misl: jornal dos «economistas» russos; publicou-se de Outubro de 1897 a Dezembro de 1902. (retornar ao texto)

(N60) «Marxismo legal»: deturpação liberal-burguesa do marxismo, surgida como corrente sociopolítica independente nos anos 90 do século XIX entre a intelectualidade burguesa liberal da Rússia. Os «marxistas legais», encabeçados por Struve, tentavam utilizar o marxismo no interesse da burguesia. Nessa altura o marxismo conhecia na Rússia uma divulgação bastante vasta, e os intelectuais burgueses começaram, sobre a bandeira do marxismo, a fazer propaganda das suas concepções na imprensa legal. Suprimiam o principal da doutrina de Marx – a doutrina da revolução proletária e da ditadura do proletariado. (retornar ao texto)

(N61) Bernsteinianismo: corrente oportunista na social-democracia internacional, surgida em fins do século XIX na Alemanha e que deve o seu nome a E. Bernstein, o porta-voz mais aberto do revisionismo. Bernstein manifestava-se contra a doutrina da revolução socialista e da ditadura do proletariado, declarando que a única tarefa do movimento operário era a luta por reformas, pela melhoria da situação económica dos operários no quadro da sociedade capitalista. (retornar ao texto)

(N62) Bund (União Geral Operária Judaica da Lituânia, Polónia e Rússia): partido oportunista pequeno-burguês e nacionalista, fundado em 1897. No I Congresso do POSDR o Bund entrou para o POSDR como organização autónoma, independente apenas nas questões respeitantes ao proletariado judeu. Nas questões mais importantes do movimento social-democrata os bundistas apoiavam os «economistas» e os mencheviques e lutavam contra os bolcheviques e o bolchevismo. Em 1901 o Bund pronunciou-se pela abolição das relações organizativas fixadas pelo I Congresso do POSDR. No II Congresso do partido, depois do Congresso rejeitar a exigência do Bund de ser reconhecido como único representante do proletariado judeu, os budistas saíram do partido. (retornar ao texto)

(N63) A «Organização Operária» de Sampetersburgo e o Comité de Vorónej encontravam-se nas mãos dos «economistas» e adoptavam uma posição hostil ao Iskra leninista e ao seu plano organizativo de construção de um partido marxista. (retornar ao texto)

(N64) No livro Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás, no capítulo «c) O início do Congresso. — O incidente com o Comité de Organização», Lénine detém-se pormenorizadamente no incidente com o Comité de Organização acerca da composição dos centros dirigentes. (retornar ao texto)

(N65) Grupo «Iújni Rabótchi» (Operário do Sul): grupo social-democrata formado no Outono de 1900 no Sul da Rússia em torno do jornal ilegal do mesmo nome (publicado de 1900 a 1903). O grupo «Iújni Rabótchi» considerava como tarefa mais importante a luta política do proletariado, o derrubamento da autocracia, pronunciava-se contra o terrorismo e defendia a necessidade de desenvolver o movimento revolucionário de massas. Ao mesmo tempo, o grupo sobreestimava o papel da burguesia liberal e não atribuía importância ao movimento camponês. Lénine classificava o grupo «Iújni Rabótchi» entre as organizações que, reconhecendo em palavras o Iskra como órgão dirigente, de facto se distinguiam pela falta de firmeza nas questões de princípio. No II Congresso do POSDR os delegados do grupo «Iújni Rabótchi», ocuparam uma posição de «centro». O II Congresso do POSDR dissolveu o grupo «Iújni Rabótchi», tal como todos os grupos e organizações sociais-democratas separados e existindo independentemente. (retornar ao texto)

(3*) O camarada Kautsky pronunciou-se a favor da redacção de Mártov, ele colocou-se desse modo no ponto de vista da conveniência. Em primeiro lugar, este ponto foi discutido no nosso congresso não do ponto de vista da conveniência mas do ponto de vista dos princípios. Foi desta forma que a questão foi posta por Axelrod. Em segundo lugar, o camarada Kautsky está enganado se pensa que no regime policial russo existe uma diferença assim tão grande entre pertencer a uma organização do partido e simplesmente trabalhar sob o controlo de semelhante organização. Em terceiro lugar, é particularmente errado comparar a situação actual na Rússia com a situação na Alemanha sob a lei de excepção sobre os socialistas(N66) (retornar ao texto)

(N66) A lei de excepção contra os socialistas foi introduzida na alemanha em 1878. Esta lei proibia os partidos sociais-democratas, as organizações operárias de massas, a imprensa operária. A literatura socialista era confiscada. Sob a investida do movimento de massas e do movimento operário, cada vez mais forte, a lei de excepção contra os socialistas foi abolida em 1890. (retornar ao texto)

(N67) A Liga da Social-Democracia Revolucionária Russa no Estrangeiro foi fundada em Outubro de 1901, por iniciativa de Lénine, em Genebra, sendo a secção no estrangeiro da organização do Iskra. A Liga apoiava materialmente o jornal, organizava o seu envio para a Rússia e publicava literatura marxista popular. O II Congresso do POSDR ratificou a Liga como única organização do partido na estrangeiro. Depois do II Congresso do POSDR, os mencheviques reforçaram-se na Liga e iniciaram uma luta contra Lénine e os bolcheviques. No seu segundo congresso, em Outubro de 1903, os mencheviques aprovaram novos estatutos da Liga, dirigidos contra os estatutos do partido adoptados pelo II Congresso do POSDR. Desde essa altura a Liga tornou-se um bastião do menchevismo. Existiu até 1905. (retornar ao texto)

(N68) Lénine tem em vista a decisão do CC sobre a dissolução do Bureau Meridional do CC, fundado em Odessa em Janeiro de 1904 com a participação directa de V. I. Lénine. Desde o momento da sua formação o Bureau adoptou firmes posições bolcheviques, desempenhou o papel de centro organizador e de ligação de todos os comités meridionais do POSDR e realizou um grande trabalho de esclarecimento das verdadeiras causas das divergências dentro do partido depois do II Congresso. O Bureau Meridional foi dissolvido em Agosto de 1904. O único motivo para a cessação da actividade do Bureau foi a agitação por ele realizada a favor da convocação do III Congresso do partido. (retornar ao texto)

(N69) Bonapartismo: ditadura contra-revolucionária da grande burguesia, apoiando-se na casta militar e nas forças reaccionárias do campesinato e manobrando entre as classes em luta nas condições de um instável equilíbrio das forças de classe; combina a demagogia com uma política de ataque à democracia e ao movimento revolucionário. (O termo deriva de Napoleão Bonaparte, que em 1799 estabeleceu uma ditadura militar). (retornar ao texto)

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Inclusão 04/04/2016