Materialismo e Empiro-Criticismo
Notas e Críticas Sobre uma Filosofia Reacionária

V. I. Lênin

Capítulo V - A Revolução Moderna nas Ciências Naturais e o Idealismo Filosófico


32. As Duas Correntes da Física Contemporânea e o Fideísmo Francês


A filosofia idealista francesa apoderou-se, com não menor decisão, dos processos da física de Mach. Já vimos que acolhimento proporcionaram os neocriticistas à Mecânica, de Mach evidenciando, em primeiro lugar, o caráter idealista dos fundamentos da filosofia desse autor. Discípulo francês de Mach, Henri Poincaré ainda mais se notabilizou nesse sentido. A mais reacionária filosofia idealista, de tendência nitidamente fideísta, logo dominou sua doutrina. O representante dessa filosofia, Le Roy, raciocinava do seguinte modo: as verdades cientificas são convenções, símbolos; haveis renunciado às absurdas pretensões "metafísicas" de conhecer a verdade objetiva; sêde, então, lógico e concordai conosco que a ciência tem apenas um valor prático, num domínio da atividade humana, e que a religião possui, noutro domínio da atividade humana, um valor não menos real; a ciência "simbólica" de Mach não tem o direito de negar a teologia. H. Poincaré, muito constrangido com tais conclusões, atacou-as particularmente em O valor da ciência. Mas vede que atitude gnoseológica ele teve de assumir para livrar-se de aliados dessa especie:

"O sr. Le Roy — escreve H. Poincaré — não encara a inteligencia como irremediavelmente incapaz senão para fazer a parte maior em relação a outras fontes de conhecimento, ao coração, por exemplo, ao sentimento, ao instinto, à fé" (p. 215).

"Não vou até o fim (as leis naturais são convenções, símbolos, mas)... se as "receitas" cientificas têm um valor conto regra de ação, é porque sabemos que elas acertam, pelo menos de um modo geral. Mas o saber é bem saber alguma coisa, e, então, por que afirmais que nada podemos conhecer?" (p. 219).

H. Poincaré apela para o critério da prática. Mas apenas para afastar a questão sem a resolver, podendo ser interpretado esse critério tanto no sentido subjetivo como no sentido objetivo. Le Roy também o admite, para a ciência da indústria. Somente nega que esse critério seja uma prova de verdade objetiva, bastando-lhe essa negação para reconhecer, pelo mesmo motivo, como verdade subjetiva da ciência (inexistente fora da humanidade), a da religião. Henri Poincaré verifica que não basta, para fazer face a Le Roy, apelar para a prática e passa para a questão da objetividade da ciência.

"Qual é a medida da sua objetividade? Muito bem, É precisamente a mesma que para nossa crença nos objetos exteriores. Esses últimos são reais na medida em que as sensações que produzem em nós aparecem como unidas entre si por não sei que argamassa indestrutível e não por una casualidade de um dia" (p.: 270).

Na verdade, é admissível que o autor de semelhante raciocínio possa ser um grande físico. Mas é inteiramente certo que somente os Vorochilov—Iuchkévitch podem tomá-lo a seria como filósofo. Desse modo, o materialismo foi declarado aniquilado por uma "teoria" que, ao primeiro ataque do fideísmo, se refugia sob as asas do materialismo! Mesmo porque é puro materialismo afirmar que os objetos reais fazem nascer nossas sensações e que a "fé" na objetividade da ciência é idêntica à "fé" na existência objetiva dos objetos exteriores.

"Pode-se dizer, por exemplo, que o éter não é menos real do que um corpo exterior qualquer" (p. 270).

Que barulho teriam feito os discípulos de Mach se um materialista o tivesse dito! Quantas farpas inofensivas não teriam desferido contra o "materialismo etéreo", etc.! Mas o criador do empiro-simbolismo moderno nos assegura cinco páginas depois:

"Tudo quanto não é pensado é puro nada; só podemos pensar o pensamento" (p. 276).

Estais enganado, sr. Poincaré. Vossas obras demonstram que certas pessoas só podem pensar o contrassenso. Georges Sorel, bem conhecido embrulhão, está nesse número; ele afirma que "as duas primeiras partes" do livro de Poincaré (O valor da ciência) estão escritas "no espírito de Le Roy" e que os dois filósofos podem, em consequência, "reconciliar-se" no tocante às ideias seguintes: pretender estabelecer a identidade da ciência e do universo é ilusório; não há necessidade de se perguntar se a ciência pode conhecer a natureza, bastando que essa esteja em consonância com o mecanismo que engendramos (Georges Sorel, Les préoccupations métaphysiques des physiciens modernes, Paris, 1907, pp. 77, 80 e 81).

É suficiente mencionar a "filosofia" de Poincaré e passar adiante; as obras de A. Rey, ao contrário, merecem maior cuidado. Já indicamos que as diferenças entre as duas correntes fundamentais da física contemporânea, que Rey qualifica de "conceitual" e "neo-mecanicista", estão em relação com as que existem entre as gnoseologias idealista e materialista. Vejamos, agora, como o positivista Rey resolve um problema diametralmente oposto ao do espiritualista J. Ward e dos idealistas H. Cohen e E. von Hartmann. Para ele, não se trata de apropriar-se dos erros filosóficos da nova física inclinada para o idealismo, mas de corrigir tais erros e de demonstrar a ilegitimidade das conclusões idealistas e fideístas deduzidas da nova física.

O leitmotiv de toda a obra de Rey consiste na confissão de que a nova teoria física dos "conceitualistas" (discípulos de Mach) foi explorada pelo fideísmo (pp. 11, 17, 220, 362, etc.), pelo "idealismo filosófico" (p. 200), pelo ceticismo, a proposito dos direitos da razão e da ciência (pp. 210-220), pelo subjetivismo (p. 331), etc.. Rey faz igualmente, e com razão, da análise das "opiniões dos físicos a respeito do valor objetivo da física" (p. 3) o eixo do seu trabalho.

Quais são os resultados dessa análise?

Tomemos a concepção fundamental, a da experiência. A interpretação subjetivista de Mach (que, para abreviar e simplificar, tomamos como um representante da escola que Rey chama de "conceitualista") não passa, Rey o afirma, de um mal-entendido. É verdade que "um dos novos característicos principais da filosofia de fins do seculo XIX" consiste no seguinte:

"O empirismo sempre mais matizado e mais sutil conduz ao fideísmo à supremacia da crença, ele que outrora fora a grande arma de combate do ceticismo contra as afirmações da metafísica.

Não se tem feito desviar, no fundo, pouco a pouco e por nuanças insensíveis, o verdadeiro sentido da palavra experiência? Recolocada em suas condições de existência, na ciência experimental que a torna precisa e a purifica, a experiência nos conduz à necessidade e à verdade" (p. 398).

Não se pode duvidar de que toda a doutrina de Mach, no sentido amplo da expressão, não seja mais do que uma deformação, com auxilio de nuanças insensíveis, do verdadeiro sentido da palavra experiência! Mas de que modo Rey, que acusa somente os fideístas e chega a excluir o próprio Mach, o remedia? Ouvi:

"A experiência é, por definição, um conhecimento do objeto. Na ciência física, essa definição cabe melhor do que em qualquer outro lugar... A experiência é o que nosso espírito não comanda, É o que nossos desejos, nossa vontade não podem apreender; c o que nos é dado, o que não criamos. A experiência é o objeto diante do sujeito" (p. 314).

Eis um exemplo flagrante que Rey faz da defesa da doutrina de Mach! Engels revela uma perspicácia genial definindo como "materialistas pudicos" os tipos mais modernos de partidários do agnosticismo filosófico e do fenomenalismo. Positivista e fenomenalista zeloso, Rey concretiza esse tipo sob uma forma acabada. Se a experiência é um "conhecimento do objeto", se "a experiência é o objeto diante do sujeito", se a experiência consiste em que "alguma coisa do exterior se estabelece e, estabelecendo-se, se impõe" (p. 324), eis-nos chegados, evidentemente, ao materialismo! O fenomenalismo de Rey, seu zelo em acentuar que nada existe fora das sensações, que o objetivo é o que tem uma significação geral, etc., tudo isso não passa de dissimulação, de anteparo verbal colocado sobre o materialismo, uma vez que ele nos diz:

"É objetivo o que é dado do exterior, imposto pela experiência, o que não criamos, mas que é feito independentemente de nós e em certa medida nos cria" (p. 320).

Rey defende o "conceitualismo", negando-o! Não se chega a refutar as conclusões idealistas da doutrina de Mach senão interpretando-a de acordo com o materialismo pudico. Tendo reconhecido a diferença entre as duas correntes da física contemporânea, Rey esforça-se, com o suor do seu rosto, por eliminar essa diferença, no interesse da corrente materialista. Ele diz, por exemplo, que a escola neo-mecanicista não admite "nenhuma dúvida, nenhuma incerteza" quanto à objetividade da física (p. 237):

"A gente sente-se aqui (no terreno dessa escola) longe dos rodeios pelos quais se era obrigado a passar, nas outras condições da física, até estabelecer esta mesma objetividade."

Esses "rodeios" da doutrina de Mach, Rey os dissimula precisamente no decorrer da sua exposição. O característico fundamental do materialismo é que ele procede da objetividade da ciência, da admissão da verdade objetiva refletida pela ciência, enquanto o idealismo necessita de "caminhos indiretos" até deduzir, de uma maneira ou de outra, a objetividade do espírito, da consciência, do "psíquico". A escola neo-mecanicista (dominante) da física, escreve Rey, acredita na realidade da teoria física, "do mesmo modo que a humanidade acredita na realidade do mundo exterior" (p. 234, § 22: tese). Para essa escola, "a teoria pretende ser o decalque do objeto" (p. 235).

Isso é certo. E esse característico fundamental da escola '‘neo-mecanicista'' não é outra coisa senão a base da teoria materialista do conhecimento. Esse fato capital não pode ser atenuado nem pelas asserções de Rey, segundo as quais os neo- mecanicistas são, igualmente, no fundo, fenomenalistas, e nem por sua repulsa ao materialismo, etc. A principal diferença entre os neo-mecanicistas (materialistas mais ou menos pudicos) e os discípulos de Mach consiste em que esse últimos se afastam dessa teoria do conhecimento e, dela se afastando, caem inevitavelmente no fideísmo.

Considerai a atitude de Rey para com a doutrina de Mach a respeito da causalidade e da necessidade natural. Não é senão à primeira vista, afirma Rey, que Mach "se aproxima do ceticismo" (p. 76) e do "subjetivismo" (p. 76); esse "equivoco" (p. 115) se dissipa logo que se considere a doutrina de Mach em sua inteireza. E Rey, tomando-a em sua inteireza, cita diversos textos tomados à Teoria do calor e à Análise das sensações, detendo-se particularmente no capítulo dedicado, na primeira dessas obras, à causalidade; mas... deixa de citar o trecho decisivo, isto é, a declaração de Mach segundo a qual não há necessidade física, apenas existe uma necessidade lógica! Não se pode senão dizer que não se trata de uma interpretação, mas de uma dissimulação do pensamento de Mach, e que o que há é uma tentativa de eliminar a diferença entre o "neo-mecanicismo" e a doutrina de Mach. Rey conclui:

"Noutros termos, Mach retoma por sua própria conta as conclusões de Hume, de Mill e de todos os fenomenalistas, segundo as quais a relação causal nada tem de substancial e não passa de um habito mental. Aliás, ele retomou por sua própria conta a tese fundamental do fenomenalismo, da qual a seguinte não passa de consequência: somente existem sensações.

Mas ele acrescenta, e num sentido nitidamente objetivista: a ciência, analisando as sensações, descobre elementos permanentes e comuns que, embora abstraídos dessas sensações, tem a mesma realidade que elas, porquanto são apreendidos delas pela observação sensorial. E esses elementos comuns e permanentes como a energia e suas modalidades, constituem os fundamentos da sistematização física" (p. 117).

Desse modo, Mach adota a teoria subjetivista da causalidade, de Hume, para interpretá-la no sentido objetivista! Rey dissimula-se, em sua defesa de Mach, alegando a inconsequência desse último e levando-nos à conclusão de que a interpretação "real" da experiência conduz à "necessidade". Ora, a experiência consiste no que é dado do exterior, e se a necessidade natural, se as leis naturais são igualmente dadas ao homem procedentes do exterior, isto é, da natureza objetivamente real, desaparece toda diferença entre a doutrina de Mach e o materialismo. Defendendo a doutrina de Mach contra o "neo-mecanicismo", Rey capitula em toda a linha diante desse último, limitando-se a justificar a palavra fenomenalismo e não a própria essência da corrente fenomenalista.

Armando-se de um espírito inteiramente análogo ao de Mach, Poincaré, por exemplo, deduz todas as leis naturais, inclusive as três dimensões do espaço, da "comodidade". Rey logo procura "melhorar" essa expressão: "comodidade" não significa "arbítrio". Não, a "comodidade" exprime, nesse caso, a "adaptação ao objeto" (Rey grifa, p. 196). Maravilhosa discriminação das duas escolas e bela "refutação" do materialismo, não há dúvida!

"Se a teoria de Poincaré se separa logicamente, por um abismo intransponível, de uma interpretação ontológica do mecanicismo (a teoria é o decalque do objeto), se ela é própria para armar um idealismo filosófico, concorda muito bem, pelo menos no terreno científico, com a evolução geral das ideias clássicas e com a tendência para considerar a física como uma ciência objetiva, tão objetiva quanto a experiência, isto é, quanto as sensações de que emana" (p. 200).

De um lado, admitamos; de outro, convenhamos que... De um lado, Poincaré separa-se do neo-mecanicismo por um abismo intransponível, embora ocupe o meio entre o "conceitualismo" de Mach e o neo-mecanicismo e embora nenhum abismo separe, parece-lhe, Mach do neo-mecanicismo; de outro, está em perfeita consonância com a física clássica que, segundo Rey, tende inteiramente para o "mecanicismo". De um lado, a teoria de Poincaré pode servir de apoio ao idealismo filosófico; de outro, é compatível com a interpretação objetiva do termo "experiência". De um lado, esses maus fideístas truncaram, com auxilio de nuanças imperceptíveis, a significação do termo "experiência" e se afastaram da interpretação segundo a qual "a experiência é o objeto"; de outro, a objetividade da experiência significa unicamente que essa última se reduz às sensações, o que Berkeley e Fichte aprovam plenamente!

Rey enganou-se porque formulou um problema insolúvel: "conciliar" a antinomia das escolas materialista e idealista na nova física. Tenta dulcificar o materialismo da escola neo-mecanicista, encaminhando para o fenomenalismo as opiniões dos físicos que consideram suas teorias como decalques do objeto.(1) Tenta igualmente atenuar o idealismo da escola conceitualista, suprimindo as mais categóricas afirmações de seus partidários e interpretando as demais no sentido do materialismo pudico. A apreciação que Rey faz do valor teórico das equações diferenciais de Maxwell e Hertz revela até que ponto é fictícia sua laboriosa renuncia ao materialismo. O fato de esses físicos levarem sua teoria a um sistema de equações constitui, aos olhos dos discípulos de Mach, uma refutação do materialismo: eis as equações nenhuma matéria, nenhuma realidade objetiva, nada mais senão símbolos. Boltzmann, compreendendo muito bem que essa opinião constitui uma refutação da física fenomenológica, refuta-a por sua vez. Supondo defender o fenomenalismo, Rey, por outro lado, replica a Boltzmann!

"Não se poderia — diz ele — deixar de classificar Maxwell e Hertz entre os mecanicistas pelo fato de se terem limitado a equações semelhantes às equações diferenciais da dinâmica de Lagrange... Isso não significa que, para Maxwell e Hertz, não se chegará a alicerçar em elementos reais uma teoria mecânica da eletricidade. Muito ao contrário, o fato de apresentar os fenômenos elétricos numa teoria cuja forma é idêntica à forma geral da mecânica clássica demonstra sua possibilidade," (p. 253).

A incerteza que hoje observamos na solução desse problema, continua Rey,

"deve diminuir à medida que se for tornando mais precisa a natureza das quantidades e, depois, dos elementos que entram nas equações".

O fato de que essas ou aquelas formas do movimento material não estejam ainda estudadas não justifica, para Rey, a negação da materialidade do movimento. A "homogeneidade da matéria" (p. 262), concebida não como postulado mas como resultado da experiência e do desenvolvimento da ciência, a "homogeneidade do objeto da física" tal é a condição necessária da aplicação das medidas e dos cálculos matemáticos.

Citemos a apreciação, que Rey fórmula do critério da prática na teoria do conhecimento:

"Contrariamente às proposições céticas, parece, portanto, legitimo dizer que o valor prático da ciência deriva do seu valor teórico" (p. 368).

Rey prefere silenciar quanto a Mach, Poincaré e toda sua escola subscreverem, sem ambiguidade, tais proposições do ceticismo.

"Um e outro (o valor prático e o valor teórico da ciência) são os dois lados inseparáveis e rigorosamente paralelos do seu valor objetivo. Dizer que uma lei da natureza tem um valor prático... significa, no fundo, reiterar que essa lei da natureza tem uma objetividade. Atuar sobre o objeto implica uma modificação desse objeto, uma reação do objeto, segundo uma expectativa ou uma previsão contida na proposição em virtude da qual se verifica a atuação sobre o objeto. Essa proposição encerra, por conseguinte, elementos controlados pelo objeto e pela ação que ele sofre... Existe, então, nessas diversas teorias, uma parte de objetividade" (p. 368).

Essa teoria do conhecimento é inteiramente materialista, exclusivamente materialista, enquanto as outras concepções, e em particular a doutrina de Mach, negam o objetivo, isto é, o valor, independente do homem e da humanidade, do critério da prática.

Em suma: tendo abordado a questão de um modo completamente diferente do de Ward, Cohen & Cia., Rey chegou aos mesmos resultados, isto é, à constatação de que as correntes materialista e idealista estão na base da divisão das duas principais escolas da física moderna.


Notas de rodapé:

(1) O “conciliador” A. Rey não se contenta era encobrir a questão, tal como foi formulada pelo materialismo filosófico, e silencia a respeito das mais nítidas asserções materialistas dos físicos franceses. Um exemplo: nada disse a respeito de Alfred Cornu, falecido em 1902. Esse físico respondeu à “refutação (Überwindung; mais exatamente, ação de superar) do materialismo científico” por Ostwald numa nota desdenhosa a respeito do modo pretensioso e leviano com que Ostwald tratou o assunto (ver a Revue Générale des Sciences, 1895, pags. 330 e 331). No Congresso Internacional de Físicos, reunido em Paris em 1900, dizia A. Cornu: “Quanto mais progredimos no conhecimento dos fenômenos naturais, mais se desenvolve e se torna definida a audaciosa concepção cartesiana relativa ao mecanismo do universo: Não há no mundo físico senão matéria e movimento’’.
O problema da unidade das forças físicas... novamente se impões, desde as grandes descobertas que assinalaram o fim deste século; do mesmo modo, a preocupação constante dos nossos mestres modernos, Faraday, Maxwell, Hertz (para só falar de ilustres desaparecidos), consiste em conhecer a natureza, em descobrir as propriedades dessa matéria sutil, receptáculo da energia universal... O retorno às ideias cartesianas é evidente... (Relatórios apresentados ao Congresso Internacional de Física,. Páris, 1900, I, 4.° vol., pág. 7). Lucien Poincaré observa, com razão, em sua obra La physique moderne (Paris, 1906, pág. 14), que essa ideia cartesiana foi adotada e desenvolvida pelos enciclopedistas do século XVIII; mas nem esse físico e nem A. Cornu sabem que os materialistas dialéticos Marx e Engels libertaram essa premissa fundamental do materialismo do exclusivismo do materialismo mecanicista. N. L. (retornar ao texto)

Inclusão 21/01/2015